Sunday 26 December 2010

dentes de leite


Debaixo da tua língua e por entre os teus dentes, estive eu.



Haviam polícias na cidade por todo o lado e ladrões nas esquinas. No meu bairro, todos os prédios tinham cinco esquinas. A visão áspera, o cheiro áspero, o toque mal cheiroso, o tal ruído escuro, tal qual como os dias mais escuros, onde ninguém quer sair da cama. Não consigo lamber-te, estás demasiado limpa. Lamber-te a ti ou uma criança qualquer, é a mesmíssima coisa. E onde já lá vão os teus dentes de leite. Provavelmente a servirem de cinzeiro de algum elefante executivo numa Antárctida, com bronze falso e membro de um ginásio ultra exclusivo.

Tão exclusive que ele corre sozinho, e não vê ninguém nu no duche. Pena. Pessoas nuas no ginásio nunca são pessoas. São armários, lâmpadas, livros, óculos, shampoos, shorts, pêlos por aparar e música e xixi nos pés. São coisas tensas-relaxadas-tensas outras vez e depois ginásio super exclusivo. Tão exclusive que não podes lá ir duas vezes.

Também cheguei a passar noites escondido a mirar para o que se passava no céu da tua boca. Lá fora chove, faz frio, os carros passam fome, os putos desligam e ligam os aquecedores, as mulheres e a televisão gritam coisas em uníssono e se calhar com a mesma motivação.

Mas eu não quero saber, se calhar queria um dia, mas hoje não quero. Quem me dera que um dia o teu andar fosse mais rápido que qualquer coisa que eu desejo, mas logo des-desejo. Podia parar por aqui mas isto não é o meu trabalho de casa. Mas tu és. Tu és o meu trabalho de casa e eu sou o teu. Tu também és o trabalho de casa dela. Gostava de ter usado os teus dentes de leite como troféus. Mas tu nunca me viste morder-te. Mas eu mordi-te.

Tuesday 21 December 2010

Explaining CFAD


ouvi dizer que isto era para brincares. posso brincar tambem?

Monday 8 November 2010

Schrödinger's cat

You crept, crept into a room you've never seen. Time and time and time over.
Polished hair and face, gaze and lips locked on objectives. You allowed a
tongue to dance through your teeth, time and time over. Her thighs pressed on
your eardrums and her fingers sculpted you like chisels. You're temporarily
deaf and personalized.

Hours ago you were imagining girls' clothes
for you to disorganize.

You're at the bottom of the bed. And you already know that nothing that you really want
is going to happen down there. Your sex smells of shallow girls and nihilism.

I curse your forehead to remain orphan of an imagined fever that doesn't have
enough money to travel by plane. Although there is always chimeras you can
tame into loving you enough to carry you around.

You are not Sappho.

I let both of them take a peek at Schrödinger's cat.
All the water they've distilled will be of no use.

Inside the mountain, there is a cave. Inside the statue, more statues. Inside this bedroom, a trap. You crept, crept into a room you've never seen. Now it's my time to steal.

Your fingers don't fit in the socket any more.

Therefore nothing is left to electrocute.
The staleness air can't smell our worn out muscles.

There is no love grounded in invisibility. I find myself competing with my own parasites.
While we gradually camouflage ourselves with the TV channels we never asked for. There is no love grounded in our indistinctness being.

We speak but we never shout; We aspire about wanting the same things every day.
We talk but never negotiate.

I'm young, but nothing moves me. You're young but you've unmovable.

Yours mouths mimic dusty old French kisses.
You kill spiders, just because they're spiders.
You kill flies just because they're flies. Just because.
And we continuously start-stop-end this story, just because.
we fuck because we don't need to.

The Sun has asthma and refuses to breathe.

It-She appears tired. It-she doesn't follow you everywhere any more. It-She
sabotages your photosynthesis and interrupts the melting of the iron in your
blood. You're anaemic by nature. The sun doesn't warm your bed either.

You're also a walking alibi.

And the midnight clarity flogs your skin with cancer, where she doesn't want to
touch. There's nothing to see here besides the eclipse that is forming under
your feet, which will swallow me, whole without much scrapping its teeth.

We're all men here. Although never equal.

My heart was shot out from your mouth against a pale, pierced navel and
never returned again. I still have those urges to this day. There is the need to
see you eat meat again, and to re-digest me in sum and parts with her again. There's a
sharp pain in my ghost limb again.

We're all men here. Although never equal.

coisas tolas que me disseste

sinto me a crescer, mas nao e do chocolate.


Thursday 16 September 2010

O gato de Schrödinger explica




Foste entrando entrando entrando,
num quarto que nunca viste.
Muitas, muitas e muitas vezes.

Cabelo e cara polida,
Olhar e labios trancados em objectivos.
Os poros da pele completamente receptivos.


Agora que entraste
permites que uma lingua te passe pelos dentes
vezes e vezes sem conta.
As coxas dela pressionam-te os tímpanos
e os dedos dela modificam te como escopros.
Ficas temporariamente surda e personalizada.

Das contigo em bicos de pés
a imaginar roupa de rapariga para desorganizar.
Estas ao fundo da cama.E no fundo
ja sabes que nada do que realmente queres,
vai acontecer.A tua fronte vai continuar orfã
de uma febre imaginada que não viaja de avião.

Depois de espreitarmos o gato de Schrödinger
toda a agua que destilas servirá para pouco mais que nada.

Dentro da montanha uma gruta
Dentro da estátua mais estátuas
Dentro do quarto, uma armadinha.

Foste entrando num quarto que nunca viste.


Saturday 19 June 2010

Fotossíntese

Os meus dedos Já não cabem no buraco da ficha. Já não há nada para eletrocutar.
O bafio não cheira os meus musculos queimados. Eu vou competindo com os meus próprios parasitas.Tu gradualmente vais te camuflando com os canais de televisão que eu não vejo. Falas muito mas não gritas; Sonhas em querer coisas iguais todos os dias.

Não negociamos todos os dias.
Sou novo, mas não me comovo com mais nada.
És nova mas gradualmente foste ficando pesada. Recitas com bafo de pó.
Matas as aranhas porque são aranhas. Matas as moscas porque são moscas.
Só porque sim.

E nós vamos acabando esta historia, só porque sim.
O Sol tem asma e recusa-se a respirar .
Ela anda cansada. Já não te segue para todo o lado. Sabota a tua fotossíntese e interrompe o derreter do ferro que não vai a lado nenhum no teu sangue. És anemico por natureza. O sol também já não te aqueçe a cama.

És um alibi por natureza. E a claridade da meia noite açoita-te a pele com cancro onde ela já não quer tocar. Não há nada para ver aqui a não ser o tal eclipse que se vai formando debaixo dos pés e que depois nos engole sem raspar nos dentes. Somos todos homens. 

Sunday 7 March 2010

porque sim.

Sunday 31 January 2010

nao preciso

Preciso de ti
Preciso que me leias todos os dias para nao me esquecer quem sou
Preciso que me descrevas como um cego pede descriçoes da sua janela do hospital
Preciso que encostes o copo ao meu umbigo e que oiças a conversa que estou a ter comigo
Depois traduz-me o que eu disse

Depois conta-me.

Tuesday 12 January 2010

Monday 11 January 2010

Eclipse


O Sol tem asma e recusa-se a respirar e a parar de queimar
as tuas memorias e as tuas pontas de cabelo. Nao ha nada para ver aqui.

ja nao te segue para todo o lado sabotando a tua fotossintese
e temporariamente parou
com o derreter o ferro
que nao vai a lado nenhum
no teu sangue.
Es anemica por natureza.
Tambem ja nao te aqueçe a cama.
Es um alibi por natureza.
O que o Sol ainda faz:
Come o que lhe resta
para comer
da tua carcaça
e da-te cancro nos labios
e nas mamas
onde ele ja nao quer tocar.
Es homem por natureza.
O Sol tem dedos que furam
e potencial para amantes.
O Sol, O Sol, O Sol, O Sol,
O Sol, O Sol, O Sol, O Sol,
O Sol, O Sol, O Sol, O Sol,
O Sol, O Sol, O Sol, O Sol,
tem multiplos penis
que lhe saem da sua vagina
O Sol, O Sol, O Sol, O Sol,
O Sol, O Sol, O Sol, O Sol,
ele mudou de corte de cabelo.
O Sol, O Sol, O Sol, O Sol,
O Sol, O Sol, O Sol, O Sol,
tem um olhos claro,
e outro simplesmente nada.
O Sol, O Sol, O Sol, O Sol,
tem montes de canais de televisao,
O Sol, O Sol, O Sol, O Sol,
O Sol, O Sol, O Sol, O Sol,
O Sol, O Sol, O Sol, O Sol.
Deixa estar o Sol sozinho e nao apareças hoje.
O Sol, O Sol, O Sol, a solidao.
Arranja outro dealer.
Nao ha nada para ver aqui.
Ha um eclipse debaixo dos teus pes.