Debaixo da tua língua e por entre os teus dentes, estive eu.
Haviam polícias na cidade por todo o lado e ladrões nas esquinas. No meu bairro, todos os prédios tinham cinco esquinas. A visão áspera, o cheiro áspero, o toque mal cheiroso, o tal ruído escuro, tal qual como os dias mais escuros, onde ninguém quer sair da cama. Não consigo lamber-te, estás demasiado limpa. Lamber-te a ti ou uma criança qualquer, é a mesmíssima coisa. E onde já lá vão os teus dentes de leite. Provavelmente a servirem de cinzeiro de algum elefante executivo numa Antárctida, com bronze falso e membro de um ginásio ultra exclusivo.
Tão exclusive que ele corre sozinho, e não vê ninguém nu no duche. Pena. Pessoas nuas no ginásio nunca são pessoas. São armários, lâmpadas, livros, óculos, shampoos, shorts, pêlos por aparar e música e xixi nos pés. São coisas tensas-relaxadas-tensas outras vez e depois ginásio super exclusivo. Tão exclusive que não podes lá ir duas vezes.
Também cheguei a passar noites escondido a mirar para o que se passava no céu da tua boca. Lá fora chove, faz frio, os carros passam fome, os putos desligam e ligam os aquecedores, as mulheres e a televisão gritam coisas em uníssono e se calhar com a mesma motivação.
Mas eu não quero saber, se calhar queria um dia, mas hoje não quero. Quem me dera que um dia o teu andar fosse mais rápido que qualquer coisa que eu desejo, mas logo des-desejo. Podia parar por aqui mas isto não é o meu trabalho de casa. Mas tu és. Tu és o meu trabalho de casa e eu sou o teu. Tu também és o trabalho de casa dela. Gostava de ter usado os teus dentes de leite como troféus. Mas tu nunca me viste morder-te. Mas eu mordi-te.
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