Ontem vi mais um eclipse lunar
Que deixaste escapar.
Nada melhor do que estar
Sozinho e por baixo.
Oh sim.
Despida pareces um gnomo.
E eu despido pareço o teu pote de ouro,
Que tu não proteges.
Oh não.
Não há nada melhor,
Do que te empurrar
Pelo arco-íris abaixo.
Ontem vim um eclipse lunar,
Mas não há nada a fazer.
Nem tu nem eu percebemos de astronomia.
Sunday, 17 August 2008
Wednesday, 13 August 2008
Verdade 200813082004
Mordo as mãos e os dentes,
mas o nosso mundo continua doente.
Mesmo despida não consegue ficar nua.
mas o nosso mundo continua doente.
Mesmo despida não consegue ficar nua.
Sunday, 10 August 2008
Roubaste-me
Eu abro os olhos e não consigo encontrar prazer.
Olho para o céu do meu quarto e não encontro prazer.
Espero mais uns minutos e levanto-me da cama.
Hoje está calor, mas o toque do frio nos meus pés descalços não me dão qualquer prazer.
Caminho completamente acordado até á casa de banho.
Enquanto mijo vou lavando os dentes.
São 11 da manhã e ainda não encontrei prazer.
Olho para onde foge a água do duche
e tento lembrar-me se tenho alguma coisa marcada para hoje.
Nenhuma memória me dá prazer.
Arejo a casa com o mesmo ar de sempre e como sempre nada de novo acontece.
Visto a roupa engomada que está ansiosa por sair,
mas nada diferente acontece.
Eu sinto exactamente as mesmas coisas que sentia quando estava despido.
Não sinto prazer em vestir roupa.
Deixo a porta aberta e convido as moscas a entrar.
Desço até ao café, e peço o que o homem ao meu lado está a comer.
Olho para os ponteiros do relógio e faço contas.
Compreender o relógio não me deu prazer.
Vou a qualquer lado, e durante o trajecto,
altero entre apressar o passo, ou andar devagar á espera de sentir qualquer coisa.
cansaço não é prazer.
Nada fica por tentar.
Dou moedas a quem pede,
e fico á espera do fim do dia para ver se me sinto bem.
Mas não sinto.
Telefono a alguém.
E esse vem ai.
Vamos falar e gesticular,
depois pintamos-nos com guaches, saliva e pastel
para parecermos diferentes de os de ontem.
O plano corre como tem de correr.
E acabamos por fazer coisas que nos fazem passar tempo.
E é disso que todos dizem que precisamos.
Mas não.
Não sinto o tempo a passar.
A carne dos outros ou estica e alimenta bolor
ou encolhe e foge-me.
A minha não.
Acabo sempre por adormecer e acordar
e adormecer outra vez
com a porta aberta
e as janelas raivosas a bater.
Olho para o céu do meu quarto e não encontro prazer.
Espero mais uns minutos e levanto-me da cama.
Hoje está calor, mas o toque do frio nos meus pés descalços não me dão qualquer prazer.
Caminho completamente acordado até á casa de banho.
Enquanto mijo vou lavando os dentes.
São 11 da manhã e ainda não encontrei prazer.
Olho para onde foge a água do duche
e tento lembrar-me se tenho alguma coisa marcada para hoje.
Nenhuma memória me dá prazer.
Arejo a casa com o mesmo ar de sempre e como sempre nada de novo acontece.
Visto a roupa engomada que está ansiosa por sair,
mas nada diferente acontece.
Eu sinto exactamente as mesmas coisas que sentia quando estava despido.
Não sinto prazer em vestir roupa.
Deixo a porta aberta e convido as moscas a entrar.
Desço até ao café, e peço o que o homem ao meu lado está a comer.
Olho para os ponteiros do relógio e faço contas.
Compreender o relógio não me deu prazer.
Vou a qualquer lado, e durante o trajecto,
altero entre apressar o passo, ou andar devagar á espera de sentir qualquer coisa.
cansaço não é prazer.
Nada fica por tentar.
Dou moedas a quem pede,
e fico á espera do fim do dia para ver se me sinto bem.
Mas não sinto.
Telefono a alguém.
E esse vem ai.
Vamos falar e gesticular,
depois pintamos-nos com guaches, saliva e pastel
para parecermos diferentes de os de ontem.
O plano corre como tem de correr.
E acabamos por fazer coisas que nos fazem passar tempo.
E é disso que todos dizem que precisamos.
Mas não.
Não sinto o tempo a passar.
A carne dos outros ou estica e alimenta bolor
ou encolhe e foge-me.
A minha não.
Acabo sempre por adormecer e acordar
e adormecer outra vez
com a porta aberta
e as janelas raivosas a bater.
Friday, 8 August 2008
Eu sou o Hugo. E venho de uma longa tradição de idiotas carrancudos. Os conjuntos de características que uma vez combinadas geram um idiota, aparentemente são invisíveis no primeiro, no segundo e provavelmente até ao quadragésimo quinto contacto social. Portanto nunca se sabe se está a trabalhar ao lado de um idiota como eu. Ou se caiu no completo abismo e levou um dos meus, ou até mesmo eu quem sabe, para casa para copular.
Eu ao escrever isto assim desta maneira dou a ideia que todos da minha família são uns completos idiotas carrancudos. Mas não são. Só os homens parecem carregar essa comicó-trágica combinação genética.
As mulheres na minha família são um caso muito diferente embora igualmente amaldiçoadas. Não sabemos até hoje quem começou o quê. Se foi de um útero estúpido que fez nascer o primeiro idiota, se foi o primeiro idiota, ou o Alfa-tio (como eu o designei quando penso nesse idiota primeiro que nunca cheguei a conhecer) que nasceu normalíssimo mas que fez qualquer coisa de muito grave (assim de repente vem me á ideia o Adão) e as suas sementes que um dia eram brancas e banais, ficaram negras e carregadas de idiotice. E sendo assim conspurcar uma inocente qualquer coisa com o perverso objectivo de fazer nascer o seu primeiro filho idiota para alimentar uma futura dinastia de idiotas.
Terei forçosamente de regressar às mulheres visto que embora eu esteja a descrever a minha existência idiota, para ser honesto, as únicas pessoas de quem conheço da minha família que mereciam algum tempo de antena, serias as mulheres.
Eu sei que todos nós temos o que merecemos, e por essa linha de pensamento as mulheres da minha família têm o que merecem ou tiveram o que mereciam. Eu digo ‘tiveram’ porque nunca os homens-idiotas da minha família parecem destinados a cumprir qualquer que seja um acordo por eles assinado. E nisto não estarei a exagerar, basta pensar em alguma coisa que pudesse ser quebrado a meio, no inicio ou no fim eles o fizeram e eu obviamente também. Para alem de que os idiotas são incapazes de exagerar. Aliás existe uma tendência natural para diminuir não para aumentar eventos. Portanto tudo o que eu descrever aqui, o senhorzinho ou a senhorazinha faça o favor de aumentar a escala.
As mulheres da minha família vêm o acto de amamentar, educar e possivelmente amar um idiota, como algo que só elas conseguirão fazer. Uma espécie de estigma ou de sindroma de Joana D’arc.
E como qualquer pessoa que realmente acredite nessa forma de psicose, realmente elas assumem essa tarefa. Mas claro primeiro existe todo um processo de ou assumir que deu á luz um idiota, ou que ficou de uma certa maneira amorosamente enganada por um idiota. Eu digo ‘amorosamente enganada’, porque já ouvi esse termo aqui em casa e em várias casas de familiares onde normalmente passo as férias de verão embora não saiba muito bem o que isso quererá dizer, mas que realmente tenho um ideia do que será enganar alguém usando o amor como álibi.
Como reconhecer que deu á luz um idiota?
A não ser que seja fruto de uma união incestuosa não existe grandes probabilidades que tenha dado á luz um idiota. Mas limpo daqui as minhas mãos ao avisar que nós somos muitos, e que desenvolvemos a arte de nos tornar estupidamente invisíveis, como parte do nosso mecanismo de sobrevivência. Ainda hoje se fala de como a minha tia Eduarda que já faleceu engravidou por acidentalmente ter usado o meu tio Joaquim como cadeira depois de ela se ter sentado para calçar as botas de trabalho que usava sempre que ia para o campo ceifar qualquer coisa. Ela nem o conhecia, nem reparou que ele ali estava. Nove meses depois nasceu um idiota de nome José. Se a minha tia Eduarda fosse viva tenho a certeza que ainda hoje amaldiçoava esse dia.
Procriar acidentalmente ou não com um idiota faz em muitos dos casos a mulher sentir-se estúpida uns minutos depois do evento ou catástrofe, dependendo de quem estará a contar a história. Se for o idiota-macho, esse acasalar é um evento digno de ser cantado visto que fechou o círculo e já pode desaparecer em paz. No caso da mulher, esse acontecimento é sem dúvida visto como uma catástrofe que terá de ser registada como quem regista doentes ou mortos numa guerra civil ou peste.
Eu sou o Hugo e eu conheço muitos idiotas.
Eu ao escrever isto assim desta maneira dou a ideia que todos da minha família são uns completos idiotas carrancudos. Mas não são. Só os homens parecem carregar essa comicó-trágica combinação genética.
As mulheres na minha família são um caso muito diferente embora igualmente amaldiçoadas. Não sabemos até hoje quem começou o quê. Se foi de um útero estúpido que fez nascer o primeiro idiota, se foi o primeiro idiota, ou o Alfa-tio (como eu o designei quando penso nesse idiota primeiro que nunca cheguei a conhecer) que nasceu normalíssimo mas que fez qualquer coisa de muito grave (assim de repente vem me á ideia o Adão) e as suas sementes que um dia eram brancas e banais, ficaram negras e carregadas de idiotice. E sendo assim conspurcar uma inocente qualquer coisa com o perverso objectivo de fazer nascer o seu primeiro filho idiota para alimentar uma futura dinastia de idiotas.
Terei forçosamente de regressar às mulheres visto que embora eu esteja a descrever a minha existência idiota, para ser honesto, as únicas pessoas de quem conheço da minha família que mereciam algum tempo de antena, serias as mulheres.
Eu sei que todos nós temos o que merecemos, e por essa linha de pensamento as mulheres da minha família têm o que merecem ou tiveram o que mereciam. Eu digo ‘tiveram’ porque nunca os homens-idiotas da minha família parecem destinados a cumprir qualquer que seja um acordo por eles assinado. E nisto não estarei a exagerar, basta pensar em alguma coisa que pudesse ser quebrado a meio, no inicio ou no fim eles o fizeram e eu obviamente também. Para alem de que os idiotas são incapazes de exagerar. Aliás existe uma tendência natural para diminuir não para aumentar eventos. Portanto tudo o que eu descrever aqui, o senhorzinho ou a senhorazinha faça o favor de aumentar a escala.
As mulheres da minha família vêm o acto de amamentar, educar e possivelmente amar um idiota, como algo que só elas conseguirão fazer. Uma espécie de estigma ou de sindroma de Joana D’arc.
E como qualquer pessoa que realmente acredite nessa forma de psicose, realmente elas assumem essa tarefa. Mas claro primeiro existe todo um processo de ou assumir que deu á luz um idiota, ou que ficou de uma certa maneira amorosamente enganada por um idiota. Eu digo ‘amorosamente enganada’, porque já ouvi esse termo aqui em casa e em várias casas de familiares onde normalmente passo as férias de verão embora não saiba muito bem o que isso quererá dizer, mas que realmente tenho um ideia do que será enganar alguém usando o amor como álibi.
Como reconhecer que deu á luz um idiota?
A não ser que seja fruto de uma união incestuosa não existe grandes probabilidades que tenha dado á luz um idiota. Mas limpo daqui as minhas mãos ao avisar que nós somos muitos, e que desenvolvemos a arte de nos tornar estupidamente invisíveis, como parte do nosso mecanismo de sobrevivência. Ainda hoje se fala de como a minha tia Eduarda que já faleceu engravidou por acidentalmente ter usado o meu tio Joaquim como cadeira depois de ela se ter sentado para calçar as botas de trabalho que usava sempre que ia para o campo ceifar qualquer coisa. Ela nem o conhecia, nem reparou que ele ali estava. Nove meses depois nasceu um idiota de nome José. Se a minha tia Eduarda fosse viva tenho a certeza que ainda hoje amaldiçoava esse dia.
Procriar acidentalmente ou não com um idiota faz em muitos dos casos a mulher sentir-se estúpida uns minutos depois do evento ou catástrofe, dependendo de quem estará a contar a história. Se for o idiota-macho, esse acasalar é um evento digno de ser cantado visto que fechou o círculo e já pode desaparecer em paz. No caso da mulher, esse acontecimento é sem dúvida visto como uma catástrofe que terá de ser registada como quem regista doentes ou mortos numa guerra civil ou peste.
Eu sou o Hugo e eu conheço muitos idiotas.
tu cheiras mal
Moscas da cor dos meus olhos, beijam te apaixonadamente os lábios.
A pele filtra desesperadamente o teu toque; em pus.
Um dos meus órgãos está a falhar.
Desde aquele dia,
Que temos a doença do século.
A febre que nos mantêm acordados sem saber o que fazer.
A minha voz rejeita-te entre dentes.
O meu corpo descobriu em silêncio o que eu recuso ver.
O meu amor, escondeu um brinquedo.
Tempos difíceis para uma hemodiálise.
A pele filtra desesperadamente o teu toque; em pus.
Um dos meus órgãos está a falhar.
Desde aquele dia,
Que temos a doença do século.
A febre que nos mantêm acordados sem saber o que fazer.
A minha voz rejeita-te entre dentes.
O meu corpo descobriu em silêncio o que eu recuso ver.
O meu amor, escondeu um brinquedo.
Tempos difíceis para uma hemodiálise.
Como estrangular alguém com anéis de Saturno.
Fomos nos costurando um ao outro,
Até eu deixar de ver o meu lado,
E tu o teu.
Chegaram a pensar que íamos deixar de respirar.
- Alguns tinham razão.
Promessas que nos prendem ficaram baças e ásperas.
- Como anéis de Saturno.
Alívio para nós chega quando um pára.
Visto de cima, parecemos sincronizados.
- Um ataca e outro evita.
A falta de oxigénio dá-nos a capacidade de ver no escuro.
Mas esquecemos logo do que é que vimos.
Se parares de tropeçar nas minhas cicatrizes
Prometo parar de cair para dentro da tua pele.
Até eu deixar de ver o meu lado,
E tu o teu.
Chegaram a pensar que íamos deixar de respirar.
- Alguns tinham razão.
Promessas que nos prendem ficaram baças e ásperas.
- Como anéis de Saturno.
Alívio para nós chega quando um pára.
Visto de cima, parecemos sincronizados.
- Um ataca e outro evita.
A falta de oxigénio dá-nos a capacidade de ver no escuro.
Mas esquecemos logo do que é que vimos.
Se parares de tropeçar nas minhas cicatrizes
Prometo parar de cair para dentro da tua pele.
Subscribe to:
Posts (Atom)